terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Emergir

Em meio a desejos ardentes, desejo ardentemente paz. Calma serena, plenitude máxima. Uma tarde quente em uma sala morna. Fotografias empoeiradas sobre móveis antigos, quero somente o ar morno e parado enchendo meus pulmões.
Descubro, porém, que exatamente a busca por paz desinquieta o espírito. Meu ser encontra-se comigo somente quando paro. Me descubro. Não olho no espelho, pois o concreto não satisfaz. O palpável não estimula. O visivelmente simples não aguça meus sentidos. Desejo sentir o meu íntimo invadindo toda a dimensão de um quarto escuro.
Da minha escuridão percebo, sinto que gerarei uma estrela brilhante. Estrela cadente emergindo do caos interior rumo ao infinito, que é pra sempre.
Atingir a barreira do inimaginável, onde a tênue linha entre o delírio e a razão desfaz-se. Dissipar a envolvente nevoa lúgubre. Quero tocar sua essência com meus olhos.
Esqueci as virtudes ensinadas baseando-se em mentiras e aprendi a verdade que não pode ser ensinada.  
Agora tenho somente a nudez de sentimentos crus bebidos assim que brotam da alma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário