sexta-feira, 28 de junho de 2013

Sobre as sutilezas

Um verso, talvez
uma volúpia
o céu desmanchando-se nos sons dos sinos
Teu nome é vento
ao invés de chuva.
volta na curva
cerrada do tempo

domingo, 16 de junho de 2013

Vislumbre

     Pureza lapidada no âmago oculto de uma nuvem transparente. Será sua sina, doce meretriz marmórea, comerciar andrajos com os sentinelas noturnos? A vida, vaga caminhada esgotada.
     O esgoto fulgurante cospe poesia-latrina na face suja dos curiosos maltrapilhos. O caminho cerrado, secreto e orvalhado. Hortênsias multicoloridas cercando pedras. É noutro lugar.

Abismando

O vão da noite
Devora
Vendavais, ventos e veleidades.
Doravante deglutirá também
o sonho morno adormecendo na relva.
Selva dos impossíveis
onde o desejo se desfaz em tempestade
chove intempéries sobre nós.

O indizível mansamente
assassinou o silêncio, mas a obrigação
do grito
fez-se gemido e calou.
[re] volta!


quinta-feira, 14 de junho de 2012

Aurora consurgens

Uma aurora impossível
Amanhece dentro de mim
O coração arrebenta
Com a força de mil sóis
O corpo, partícula flamejante
Faísca
Ofusca o ocaso do mundo


Este é meu último alvorecer
Despeço-me da vida
Como quem se despede do amor
Traço uma rota ignota 
Rumo ao céu dos esquecidos

domingo, 10 de junho de 2012

Tempestade de areia


Encontro o deserto
Tão seco
E só

Desamparado e sedento
Te encontro no desejo
  
Encontre o deserto
Tão seco
E só

Somente solitário
Poderá pensar
Sondando a solidão
Sentirá
Saudade

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O porto

Meu lindo
Meu leito
Meu ninho desfeito

No peito aberto
Flor do deserto