Uma aurora impossível
Amanhece dentro de mim
O coração arrebenta
Com a força de mil sóis
O corpo, partícula flamejante
Faísca
Ofusca o ocaso do mundo
Este é meu último alvorecer
Despeço-me da vida
Como quem se despede do amor
Traço uma rota ignota
Rumo ao céu dos esquecidos
quinta-feira, 14 de junho de 2012
domingo, 10 de junho de 2012
Tempestade de areia
Encontro o deserto
Tão seco
E só
Desamparado e sedento
Te encontro no desejo
Encontre o deserto
Tão seco
E só
Somente solitário
Poderá pensar
Sondando a solidão
Sentirá
Saudade
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
sábado, 3 de dezembro de 2011
Íntimos temores
Escondo o desejo
Escolho entre os beijos
A boca mais vazia
Recolho cada toque
Abarco nos abraços
O medo de fugir
Seguro suas mãos
Sentindo pelos dedos
O passado escorrer
Guardo no olhar
Ardendo as pálpebras
Cansada de fingir
Imagem: 'Grey daisy', Marilyn Manson
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
A rotina da lembrança é lembrar-se de esquecer
O seu sim
O seu não
O pão nosso de cada dia
A alegria do sorriso
Meu delírio achando juízo
Você aqui pra me decifrar
Nós, além do martírio voluntário
A caminhada rotineira pro trabalho
Além das calçadas
Das janelas embaçadas
Encontramos refúgio nas flores florescentes
Procuramos abrigo nos becos imaginários
Você na minha frente
Eu pensando diferente
Do que poderia imaginar
A palavra cálida
A mão que me afaga
A memória que te apaga
terça-feira, 1 de novembro de 2011
"Tudo se transforma numa cama desfeita"
Sou uma lembrança longínqua, o sol isolado em meio ao horizonte distante. Sou apenas horas retrocedendo em um relógio sem corda. Tiquetaqueando ao longe. O som nostálgico capturado por seus ouvidos. No entanto, você não retém meus segundos vazios.
Preciso desesperadamente compreender como as lembranças tornam-se lembranças. Tão-somente. Qual o misterioso processo que te sacralizou numa única palavra. Minha essência foi corrompida pela memória. Sou apenas uma sombra desvanecente, perdida no labirinto impenetrável das suas recordações.
Necessito entender como as lágrimas caem com o mesmo afã desesperado de meses atrás, porque elas sobrevivem a toda essa angústia? Quando a saudade tornou-se densa, capaz de turvar minha percepção? Saudade. Eu sinto falta.
Sobretudo a ausência pesa. Uma música dói. Um cheiro queima. O sono que compartilhamos. A chuva batendo leve na janela derrama tristeza. O prenúncio de uma possível aproximação, ainda que efêmera, causa frêmito nos nervos. O calor do toque rápido me contenta. Em que momento aprendi a satisfazer-me com tão pouco? Desde que a incerteza postou-se diante do meu futuro.
A existência era plena, pois me valia do espectro da sua presença rondando meus planos. Ah, os planos! Não intencionava coisa alguma sem que seu sorriso, seu cabelo, suas mãos, suas palavras, estivessem de alguma forma envolvidos. A minha vida estava (temo dizer que ainda está) intrínseca na sua própria.
Hoje tenho exclusivamente esse abismo cheio de nada. O único que posso realmente chamar de meu. Meu precipício. Meus fracassos insólitos. A desesperança corrosiva e o autoflagelo. Sou sádica de mim mesma. Saltarei em breve.
Cena do filme: A insustentável leveza do ser
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Caos
Acima dos edifícios empoeirados
Corpos sobem
Flutuam
Dentro das luzes envidraçadas
Corpos reluzem
Leves
Desfalecidos nas camas desfeitas
Corpos derretem
Indecentes
Saltam empoeirados do edifício
Lá fora, impassível
A cidade anoitece
Acendem-se todas as luzes fortes
Cegam as pupilas
Incomodam os seres
Que se escondem vermelhos
Pelos cantos, desleixados
Desnudos, lascivos
Soltando agudos sussurros libertinos
Indiferente, meu corpo cor de areia
Enxerga sem ver os vidros da veneziana embaçada
Inconsciente, minha mão mergulha macia
Tateando os estragos da noite
Ouvidos ocos não ouvem os gemidos vindos de fora
Recuo aos apelos dos filhos paridos no crepúsculo
Ludibriando toda loucura noturna
Recuso os apelos dos filhos da noite
Naufraga, nua... nada?
Nauseada, possuída por alguma obsessão
Arrebatada, convulsa buscando paredes movediças
Lá fora, sem saber
As pessoas dançam alucinadas
Música silenciosa das harpas sem cordas
Extravagantes, exibindo orgulhosas
Prodígios carnais frenéticos
Em cima dos edifícios
Anjos suicidas pulando da corda bamba
Ali no alto, perto do céu
Estrelas descoloridas brincando no escorregador
Tingem a lua de escarlate
Façam um pedido.
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