domingo, 27 de fevereiro de 2011

Acalento

...em como a sua pele... Eu como a sua pele. Penso se virá me acordar amanhã, tal qual um presente de despertar. Como se o dia precisasse me presentear a cada alvorecer, e seu esplendor de raios ofuscantes não fosse suficiente para minha felicidade.
Quieta relembro os beijos, repasso na memória os toques sinceros. As palavras comuns e simples que afagaram tanto quanto cada sorriso ameno e cada pensamento leve, disfarçado em sussurro. E cada sussurro acompanhado de mordida, acompanhada de arrepios na pele.
Minha vontade nasce da esperança, cravada no desejo de fitar novamente seus olhos, moles, sonolentos. Olhos de gato manhoso. Espero sentir o peso do seu corpo inerte, imerso no sono e sonhos engraçados. A perspicácia de dois corpos se aconchegando da melhor forma na cama, buscando uma maneira de sentir-se o mais próximo possível, como que querendo fundir os milímetros da carne e entrelaçar os pelinhos arrepiados do corpo.
Sobra espaço no colchão, falta cobertor pra nos cobrir. Porque você sempre puxa para si minha parte, o que faz com que eu acorde com frio e reclamando. Você se desculpa, me abraça quente, rimos, nos beijamos. O sono vem e os cílios encontram-se, lentos e preguiçosos.
Leviana despetalo as bobas esperanças pelo lençol branco. Elas desmancham-se conforme as gotas atingem a superfície real do tecido, que permite somente que lascívia faça morada nos seus vincos. Tomando nossos corpos definitivamente, fazendo as palavras arquejarem de satisfação.
No sol vacilante da aurora, a luz translúcida veleja até suas pálpebras cerradas. Traz consigo mares de sonhos incertos. Transforma a luxuria em oceano de amor. Naufrague em mim.




O caminho

Pelas ruas te sigo
Teu passo é abrigo
Da minha esperança

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Marchinha leviana


Dançando alegremente
Nas manhãs de sol
O seu carnaval
Sambando sorridente
Pro seu bloco passar
Sapateando contente
Por cima de mim

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O sabor do verso

Quero dividir contigo
O gosto de toda estrofe
Seus lábios degustarão
O doce, picante, amargo
Diluídos em cada t
raço




A valsa dos sonhos impossiveis

     - Então é assim? disse ela. É como sentir-se dentro de um ninho.
     Ela emaranhou-se mais fundo por entre os braços dele e experimentou novamente o calor morno que atraia o suspiro. Tudo aconteceu como se fosse pela primeira vez. Experiência única, primitiva.
     Ele percorreu os olhos pela frágil criatura pousada no seu colo. Apesar da semelhança com a porcelana ela possuia a força da criação. Imaginou como seria se nada brotasse dela. Coisa alguma seria vida nele.
     Eles sorriram em comunhão com a simplicidade de formarem um elo. Ela ouviu a chuva e desistiu de ser um trovão. Queria somente sentir o corpo molhado, não pela água precipitando urgente, mas banhado pela seiva quente dele.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Dando cores à tinta invisível

     Escreva cada sussurro da memória, capte as vibrações do pensamento. Entregue-se as palavras que jorrram da fonte de sua inspiração, afogue-se. Não meça o ímpeto. Sinta todas as palavras, somente desse modo selecionará a correta.
     Procurando em todas encontrará a que tem o encaixe perfeito para cada frase. A palavra que mais se adapta ao seu timbre, ela será adequada para toda sibilação dos seus lábios e acariciará a língua como um beijo.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Rasgue as páginas do meu livro vazio

As folhas perdidas com o tempo
Daquele livro que você rasgou
São páginas jogadas ao vento
Da nossa história que ninguém contou

Agora são só esses fragmentos
Pedaços dispersos no infinito
Lembranças naufragadas em meu pensamento
Que a memória ainda não afogou

Somente sussurros serenos
Contando por eras adiante no espaço
Nossa historia irreal de medos
Nossa canção e nosso fracasso

E aquela promessa que fim levou?
E aquele sonho que não vingou?
E aquele dia da nossa aurora?
E aquele tudo e o nosso agora?

São só sussurros passados adiante
São só lembranças do nosso instante
O que a boca conta
E o que mais desprender de mim