sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Caos




Acima dos edifícios empoeirados
Corpos sobem
Flutuam
Dentro das luzes envidraçadas
Corpos reluzem
Leves
Desfalecidos nas camas desfeitas
Corpos derretem
Indecentes

Saltam empoeirados do edifício
Lá fora, impassível
A cidade anoitece
Acendem-se todas as luzes fortes
Cegam as pupilas
Incomodam os seres
Que se escondem vermelhos
Pelos cantos, desleixados
Desnudos, lascivos
Soltando agudos sussurros libertinos

Indiferente, meu corpo cor de areia
Enxerga sem ver os vidros da veneziana embaçada
Inconsciente, minha mão mergulha macia
Tateando os estragos da noite
Ouvidos ocos não ouvem os gemidos vindos de fora
Recuo aos apelos dos filhos paridos no crepúsculo
Ludibriando toda loucura noturna
Recuso os apelos dos filhos da noite
Naufraga, nua... nada?  
Nauseada, possuída por alguma obsessão
Arrebatada, convulsa buscando paredes movediças

Lá fora, sem saber
As pessoas dançam alucinadas
Música silenciosa das harpas sem cordas
Extravagantes, exibindo orgulhosas
Prodígios carnais frenéticos
Em cima dos edifícios
Anjos suicidas pulando da corda bamba
Ali no alto, perto do céu
Estrelas descoloridas brincando no escorregador
Tingem a lua de escarlate
Façam um pedido.